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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Editorial: 02 dezembro de 2011


A raiz de um problema

Perseguições policiais, assaltos, tiroteios, tráfico de drogas rendendo muito dinheiro e conduzindo seus protagonistas a uma vida de status ante suas comunidades. Assassinatos, acertos de contas entre quadrilhas rivais, e por aí vai. Tal realidade bem que poderia figurar um roteiro de um desses longas metragens que se utilizam da violência como carro-chefe. E com certeza se há uma temática que ajuda a vender bilhete de cinema, sem dúvidas a espetacularização da violência é um deles. Prova disso é a enxurrada de enlatados norte-americanos que invadem nossos lares. Neles, quase sempre após uma longa trama envolvendo criminosos e os mocinhos, o bem sempre vence no final. Afinal de contas é isso que as nossas consciências esperam ante essas situações. Mas, infelizmente, na vida real, as coisas não são bem assim. Aliás, é fácil perceber que na realidade cotidiana, a criminalidade está longe de ter um final comumente visto nos filmes, e lamentavelmente ela está ganhando de goleada. Alguém duvida disso?
Segundo dados divulgados recentemente pela Unicef, a Bahia teve o maior crescimento na taxa de homicídios entre adolescentes de 12 a17 anos entre 2004 e 2009. De acordo com os dados levantados pela instituição, no período, o crescimento foi de 261%. O estudo concluiu categoricamente: A adolescência baiana está na mira do crime. É óbvio que isso não é nenhuma exclusividade do nosso estado, e mais óbvio ainda é que a situação é percebida em todo o país. Mas, como vivemos na Bahia, temos que ajustar o nosso foco para a realidade vivida por aqui. Melhor ainda, analisemos a realidade aqui mesmo em nossa cidade, que com certeza reflete a que é vivenciada em boa parte do Brasil: O crime exerce uma grande atração nos jovens. Isso é fato, em especial àqueles pobres, residentes nos chamados bolsões de miséria, sem muitas perspectivas de vida, esquecidos pelo estado e que veem em práticas marginais, em especial o tráfico de drogas, um das únicas alternativas de obtenção de renda. Ou melhor, dinheiro fácil, farto, status e liberdade para comprar tudo aquilo que lhe é oferecido nas vitrines da nossa doentia sociedade de consumo.
Ante isso, podemos concluir que não vivenciamos um mero problema de segurança pública, e sim um grave problema social, com profundas raízes históricas e de abrangência bem maior e não solucionado com o aumento do efetivo de policiais e nem a criação de mais vagas nas penitenciárias. É necessário suscitar nesses jovens, que muitas vezes são taxados de culpados, mas que ao nosso ver são vítimas do sistema, valores que a cada dia andam mais em desuso. Eis uma missão nada fácil, mas que devem começar a ser trabalhados com algumas ações, a exemplo do incentivo sério à práticas esportivas, investimentos pesados na cultura, incentivando a formação de músicos, atores, etc. Com certeza seria um bom início para um desfecho típico de filmes “holywoodianos”, ou seja, com  um final não tão trágico como se percebe cotidianamente.

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