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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Editorial: do dia 30 novembro de 2011


Esqueçam de tudo


Certa vez, o ilustre poeta baiano Wally Salomão, nascido no solo quente da cidade de Jequié, afirmou: “A memória é uma ilha de edição”. No fervor de suas sábias metáforas, cremos nós, que ele quis afirmar que tudo aquilo que guardamos em nossas memórias, são ajustadas e sobrepostas ante o nível de importância que damos a tais. Agimos como espécies de editores de imagens. Guardamos o que nos interessa e deletamos as supostas “imagens” que não terão muita importância no decorrer do “filme”, ou seja, as nossas vidas. Sem dúvidas não há como fugir dessa lógica, até porque faltaria espaço em nossas cabeças caso resolvêssemos guardar tudo aquilo que ouvimos, aprendemos e vivenciamos. Um estudo revelou que, ao lermos um livro, guardamos cerca de 30 % das informações contidas nas publicações. É óbvio que, mais uma vez, o que definirá que determinada informação fique guardada e outras não, é o nosso natural interesse. Mas isso é um processo interno que ocorre apenas para nós mesmos. Mas, existem casos onde determinados assuntos, de interesse coletivo, parecem que são conduzidos para que, literalmente, caiam no esquecimento, ou, simplesmente, que ninguém mais fale nele. Estranho? Que nada, na nossa cidade tem vários exemplos de situações dessas. 
Vejamos, qual é o principal assunto debatido na cidade? Poderíamos dizer que é a necessidade de uma nova ponte e a construção do Porto Sul. Sim, tem também as eleições do ano que vem. Cremos que seja através dos debates e das conversas e das devidas abordagens de determinadas questões nos meios de comunicação, que elas ganham a abrangência suficiente para que, ou aconteçam, ou sejam cobradas para que se tornem realidade. Mas muitas vezes percebemos um estranho fenômeno: Algo é trazido à tona pelas gestões públicas, é noticiado massiçamente na imprensa, passa a ser motivo de discussões e depois, misteriosamente, ninguém mais fala no assunto. Em alguns casos parece que há uma manipulação, objetivando que determinado assunto caia no esquecimento da população. Sabe-se lá por qual motivo.
Vamos aos exemplos: O shopping a céu aberto. Falou-se tanto, e aí? O que aconteceu? Morreu o assunto? Se era sabido que ele não viria a se concretizar, porque então foi levado à público? E a polêmica envolvendo o aeroporto? Acabou? O pior de tudo foi que, no desespero para que a situação se resolvesse, construíram guaritas para controlar o fluxo de veículos quando os aviões estivessem pousando ou decolando. Ou seja, apesar de não se falar mais no assunto, não esquecemos que foi gasto dinheiro público com algo sem a menor utilidade. E a lista continua: a questão da demolição das barracas de praia, a demarcação de terras, a criação ou não de uma zona metropolitana, o impasse em relação aos limites do município, etc. Haja assunto para ser esquecido. Pelo menos é o que parece.

Diário de Ilhéus edição do dia 30 de novembro 2011








Diário de Ilhéus edição do dia 30 de novembro 2011